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Publicado em 23/11/20 às 09:31:00

Os rios que brotam do Cerrado - Parte III

Os rios que brotam do Cerrado - Parte III
Rio Verde, afluente do Rio Paranaíba - Foto André Monteiro

Os rios que brotam do Cerrado - Parte III

Professor Altair Sales Barbosa, Doutor em Antropologia pela Smithsonian Institution – Washington – DC, Pesquisador e Professor aposentado da PUC Goiás.

SÃO FRANCISCO BRASILEIRO

Toda a bacia hidrográfica do rio São Francisco corre por terras do território brasileiro. O São Francisco tem sua nascente situada em áreas de cerrado, na Serra da Canastra, estado de Minas Gerais. É alimentado especialmente pelas águas acumuladas no Aquífero Urucuia e no Aquífero Bambuí. Seu regime é marcado por diferenciações básicas. A grande totalidade dos afluentes da margem direita que recebe suas águas principalmente das chuvas, sofre influencia direta de climas semi-áridos, conduzidos até o curso médio superior do grande vale, pelos eixos de expansão de semi-aridez. Estes rios são classificados como temporários, pois desaparecem na estação seca. Portanto, a perenização do São Francisco está na dependência direta dos afluentes que o alimentam pela margem esquerda. Estes rios volumosos e outrora cristalinos correm encaixados e paralelos na Formação Geológica Urucuia. A grande maioria provém dos contrafortes leste da Serra Geral ou Espigão Mestre, onde tem origem os rios Carinhanha, Pratudinho, Pratudão, Formoso, Arrojado, Correntina, do Meio, Guará, Santo Antonio, Corrente e Grande. Outros rios que alimentam o São Francisco na porção superior do seu curso têm suas nascentes nas águas emendadas próximas ao Distrito Federal, como é o caso dos rios Preto e Urucuia. Este dá nome à formação geológica que abriga o Aquífero Urucuia, responsável por quase oitenta por cento das águas do São Francisco. O rio Paracatu é o responsável pela junção das águas dos Aquíferos Bambuí e Urucuia. Um dos poucos rios perenes pela margem direita, é o rio das Velhas que alimenta o curso superior do grande rio, com águas oriundas quase que em sua totalidade do Aquífero Bambuí. A última grande nascente ao norte se constitui no nascedouro do rio Preto, afluente do rio Grande. As nascentes do rio Preto estão em áreas aflorantes do arenito Urucuia, na região do Jalapão, um pouco ao sul da nascente do rio Parnaíba, que constitui bacia própria e é quase água emendada com o rio do Sono, afluente do Tocantins.

ÁGUAS DO PARANÁ

A bacia hidrográfica do Paraná é outra que é formada e alimentada pelas águas do Cerrado. Apenas na porção inferior, após receber o rio Uruguai é que este fenômeno não é tão evidente.

As águas nascentes da bacia do Paraná se espalham como um leque a partir do coração do Cerrado, correndo em direção ao sul do continente. Das escarpas sul da Chapada dos Parecis, e das escarpas sul e oeste da Serra do Roncador fluem as águas formadoras da sub-bacia do Paraguai, que integra a bacia do Paraná O próprio rio Paraná é formado pela junção dos rios Paranaíba e Grande. As águas iniciais do Paranaíba são originárias das águas emendadas que viajam desde o norte do Distrito Federal, a estas se juntam as que vertem da Serra das Divisões do centro-sul de Goiás e as que vêm das bordas leste e sul da Serra do Caiapó. As águas do rio Grande se precipitam da borda oeste da Serra da Mantiqueira, numa área de Mata Atlântica, mas seu curso maior percorre de leste a oeste o Estado de Minas Gerais e são as águas do cerrado mineiro que lhes dão corpo.

Assim, representada na forma de uma complexa teia, as águas que brotam do Cerrado são as responsáveis pela alimentação e configuração das grandes bacias hidrográficas da América do Sul.

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