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Publicado em 29/04/21 às 07:48:00

Saiba mais sobre o Cerrado - Parte IV

Saiba mais sobre o Cerrado - Parte IV
Foto André Monteiro

Aulas sobre o Cerrado, por um dos maiores pesquisadores do bioma do mundo.

Prof. Dr. Altair Sales Barbosa

Doutor em Antropologia / Arqueologia e Geociencias
Pesquisador do CNPq

Saiba mais sobre o Cerrado - Parte IV

O Sistema Biogeográfico dos Cerrados é limitado por uma série de complexas formas vegetacionais intermediárias que adquirem contornos específicos em direção à caatinga e outras configurações, em direção à floresta amazônica úmida. 

No aspecto fisionômico e em muitos pontos da composição faunística, florística e de ocupação humana, as áreas com savanas da América do Sul, que aparecem nas Guianas, Venezuela e Colômbia, muito se assemelham ao Sistema do Cerrado e, se não fosse o caráter da descontinuidade, poderiam perfeitamente estar incluídas como um subsistema do mesmo sistema. 

Quando a área de mata é degradada e aí se exerce alguma atividade de manejo do solo, abandonada em seguida, observou-se que aumenta, significativamente, a ocorrência de leguminosas num primeiro estágio. Em seguida, começam a surgir espécies típicas de matas. Em ambos os casos, não se observa a invasão dessas áreas por espécies de cerrado. 

Constatamos também a retomada da mata nos seus aspectos originais em áreas onde, atualmente, ocorrem sítios arqueológicos e que foram degradadas para implantação de aldeias, por indígenas conhecedores da prática agrícola, com a abertura de clareiras para suas roças. Essas áreas, depois de abandonadas por essas populações, retomaram, com o passar do tempo, suas características primárias. Convém salientar que, nas áreas observadas, o período que separa a época do abandono pelas populações indígenas até os dias atuais é de 150 a 100 anos.

Outras observações nestas áreas demonstram que, quando degradadas, brotam de imediato um conjunto de espécies que representam antigos cultígenos como feijão —Phaseolus sp., algodão — Gossypium sp. e guariroba — Syagrus oleracea. Tal fato tem, inclusive, servido como indicador para localizar sítios arqueológicos correspondentes a grupos agricultores no centro do Brasil.  

Costa Lima tem constatado a invasão de áreas, originariamente com vegetação de cerrado, por espécies de matas, sempre que essas formações ocorrem próximas e quando alguma atividade altera os componentes do estrato inferior da vegetação de cerrado como, por exemplo, o pisoteio do gado, sufocando o estrato gramíneo. 
(continua...)

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