Goiânia

Arte Decò

Arte e Modernidade: A Influência da Art Déco na Arquitetura de Goiânia

Com a Revolução de 1930 e a mudança das oligarquias dominantes em Goiás, a discussão sobre a transferência da capital do estado ganhou força, possibilitada pela posse do interventor federal Pedro Ludovico Teixeira. Em consonância com a política de Getúlio Vargas (1937-1945), a construção de Goiânia uniu o anseio por modernidade de Goiás e a busca pela prosperidade econômica e ocupação da região central do país, concretizando assim um sonho de integração econômica e expansão populacional, denominado Marcha para o Oeste.

Nesse contexto, emerge a cidade de Goiânia como um oásis de modernidade e elegância no vasto cerrado brasileiro. Entre suas ruas arborizadas e prédios históricos, a influência marcante da Art Déco se faz presente, adicionando um toque de glamour e sofisticação ao cenário urbano.

A Art Déco, movimento artístico que floresceu entre as décadas de 1920 e 1930, é conhecida por sua estética distinta que combina formas geométricas, linhas elegantes e detalhes ornamentais. Originada na Europa, essa corrente artística rapidamente se disseminou pelo mundo, deixando sua marca em diversas cidades ao redor do globo.

Em Goiânia, a presença da Art Déco é evidente em muitos de seus edifícios icônicos. Um exemplo notável é o Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual de Goiás, cuja fachada exibe elementos típicos desse estilo, como relevos geométricos e linhas angulares. Construído na década de 1930, o Palácio das Esmeraldas é um testemunho da riqueza arquitetônica da cidade e um símbolo de sua história.

Outro destaque é o Teatro Goiânia, uma joia da Art Déco que encanta visitantes com sua fachada ornamentada e seu interior luxuoso. Inaugurado em 1942, o teatro é um espaço onde a arte e a cultura se encontram, e sua arquitetura reflete a elegância e o esplendor da época em que foi construído.

Além desses edifícios emblemáticos, a influência da Art Déco pode ser observada em muitos outros pontos da cidade, desde residências particulares até estabelecimentos comerciais. Em cada esquina, há um lembrete do legado desse movimento artístico que ajudou a moldar a identidade visual de Goiânia.

No entanto, o boom do crescimento desordenado colocou os privilégios da especulação imobiliária à frente do ideal moderno iniciado por Getúlio Vargas e Pedro Ludovico Teixeira. Nesse período de expansão desenfreada, diversos prédios edificados no início da capital foram demolidos, descaracterizados ou abandonados.

Diante da importância histórica e cultural dos edifícios de Art Déco em Goiânia, é fundamental que sejam preservados e valorizados. Essas estruturas não são apenas testemunhos do passado da cidade, mas também fontes de inspiração e admiração para as gerações futuras.

Através de políticas de conservação e incentivos à reabilitação urbana, é possível garantir que o legado da Art Déco continue vivo em Goiânia, enriquecendo a experiência dos moradores e visitantes da cidade. Ao reconhecer e celebrar sua herança artística, Goiânia se posiciona como um destino turístico único, onde história, cultura e beleza se encontram em perfeita harmonia.

Vale destacar que, em agosto de 2023, foi sancionada a lei estadual que concede a Goiânia o título de “Capital Art Déco”, consolidando o valor e a importância desse patrimônio. O Art Déco foi capaz de englobar traços culturais goianos em sintonia com a modernidade e por seu aspecto regionalizante, ao incorporar materiais e símbolos locais de origem indígena do cerrado. "Retratando" uma nova "visão de mundo" no interior do Brasil, os estilos dessas edificações permitem o reconhecimento da memória nacional inscrita nas edificações consolidadas da época.

A presença da Art Déco em Goiânia é mais do que uma simples manifestação artística; é um testemunho da criatividade humana e da capacidade de transformar o ambiente urbano em uma obra de arte. Enquanto exploramos as ruas dessa cidade vibrante, somos convidados a apreciar a elegância atemporal desses edifícios que continuam a cativar e inspirar aqueles que têm a sorte de encontrá-los.

Por: Déborah Irineu.

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